Tuesday, October 17, 2006

A ORQUESTRA

por Andrey Rebelo
aka "casa"

Há inúmeras maneiras de manifestação do pensamento: tu podes sair pelado no meio da rua gritando “CREOSVALDA, EU TE AMO!”, tu podes escrever, tu podes cantar, tu podes ficar calado, inclusive. Mas eu acho que não há maneira melhor pra mostrar o que tu pensas do que votar. E eu não me refiro apenas ao ato de apertar alguns botões, receber um pedaço de papel que comprova que tu apertaste estes botões e ir embora pra casa; o debate é o que importa, a análise é o que vale.
Votar tem que ser mais do que exercer uma obrigação (e um direito também, é claro); votar é ter o poder de tentar mudar, de participar do processo, de se sentir capaz de emitir uma opinião. Mas, então, eu me pergunto: “Será que todos nós somos capazes de emitir uma opinião verdadeiramente válida?”.
Escolhe-se o melhor candidato porque se acredita nas propostas dele; porque ele é, supostamente, o mais qualificado; porque se acredita que ele possa mudar a situação ou, em alguns casos, deixar do jeito que está, se estiver bom (ou não). Ora, pode-se dizer que um analfabeto está qualificado para analisar todos esses pontos? Nada me convence que sim (às vezes, nem os alfabetizados estão). Mas, infelizmente, a facilidade com a qual essas massas podem ser dominadas ainda é um fator crucial para a permanência desse quadro.
É claro que, por outro lado, o sistema democrático perderia sua característica fundamental se excluísse uma classe do processo de decisão. Mas democracia não se limita a garantir igualdade política. Queremos igualdade social, cultural, econômica. A gente quer que não haja mais analfabetos, para que o direito ao voto seja igual em todos os sentidos. Para que todos tenham a oportunidade de fazer verdadeiramente parte do processo.
Nossa democracia falha nesse ponto, pois dá a todos a oportunidade de dizer “sim” ou “não” ou “eu quero esse” ou “eu quero aquele”, mas não nos dá uma estrutura mínima pra que todos possam exercer esse direito com a mesma qualidade.
As eleições no Brasil funcionam muito bem sob o ponto de vista estrutural. Nosso processo eleitoral quase não apresenta falhas. No dia da votação, tudo funciona perfeitamente; mas durante os outros dias do ano nós viramos as costas para o que se passa nos gabinetes e palácios e não percebemos o que acontece. É como se fosse uma orquestra que funciona perfeitamente durante uma música e que, depois de tocar essa música perfeita, se separa para que cada músico toque sua própria música no seu próprio quarto.
Devemos, sim, valorizar nossas eleições como um mecanismo que funciona de forma plena e perfeita. Mas não sei se podemos nos vangloriar da nossa tão amada democracia que, por mais estranho que isso possa soar, ainda precisa de muitos ajustes.

2 comments:

Anonymous said...

Andrey es lo maximo. Un chico de puros 7 en la universidad, hahahahaha. Aqui pueden apreciar su gran capacidad de analisis social en una epoca en que Brasil se levanta para elegir un nuevo mandatario. No sé finalmente si es un geografo o un artista incomprendido o un sociologo reprimido, pero de que es un encanto este menino, lo es.
A daripat te adora.
Beijinhussssss
Fui

Anonymous said...

eh simples...vota-se no candidato que lhe traga a maior vantagem pessoal e pratica possivel...

eleicao eh um jogo nojento de interesses majoritariamente pessoais...

os pobres sao presas faceis para todos os politiqueiros dessa esquerda retrograda e antiquada que so encontra respaldo ainda por essas tragicas terras latinas...

FORA ESQUERDA RETROGRADA JA!!!